Dra. Amanda Salvo

COVID-19: Mitos e verdades

Infelizmente, há mais de 1 ano vivemos a pandemia do novo Coronavírus, mas apesar disso, muitas pessoas ainda tem dúvidas relacionadas ao vírus, à transmissão, aos cuidados preventivos e de tratamento. Neste texto, vamos esclarecer essas dúvidas, fortalecendo o que a ciência nos ensinou sobre o vírus até o momento e excluindo, definitivamente, as fake news e outras idéias equivocadas sobre a infecção pelo COVID 19, frequentemente disseminadas nos grupos de mensagem e por autoridades políticas.

1. O novo coronavírus foi criado em laboratório?

NÃO. O novo coronavírus foi identificado no final de 2019 em um grupo de pacientes que se apresentaram com pneumonia na cidade de Wuhan, na China. A partir daí, ele se espalhou rapidamente pela China e posteriormente pelo mundo, de modo que em Março de 2020 foi decretada pandemia pela COVID 19 pela Organização Mundial de Saúde(OMS).

2. O que são as cepas variantes do coronavírus?

Assim como outros vírus, o novo coronavírus apresenta alta capacidade de sofrer mutações – que são mudanças em seu material genético. A partir dessas mutações, ele se transforma em novas formas, ou “cepas”, que podem apresentar algumas características distintas entre si. Por exemplo, uma cepa pode ser mais transmissível, enquanto outra pode se manifestar de uma forma mais grave. Atualmente, já foram descritas 4 cepas variantes do coronavírus e todas tem em comum uma maior capacidade de transmissão.

3. Como ocorre a transmissão do novo coronavírus?

A transmissão ocorre através do contato direto com partículas de secreção respiratória quando uma pessoa infectada com coronavírus tosse, espirra ou fala de uma distância menor que 2 metros. Neste caso, o risco de se contaminar é tanto maior quanto maior for a proximidade e a duração do contato, assim como se o contato prolongado ocorrer em ambientes fechados. A infecção também pode ocorrer se as mãos de uma pessoa forem contaminadas por secreções de pessoas infectadas ou por tocar em superfícies contaminadas e, em seguida, tocar os olhos, nariz ou boca.

4. Quais são os sintomas da infecção pela COVID 19?

Pacientes com COVID-19 podem ser assintomáticos ou apresentar um quadro sintomático que pode ser semelhante a um resfriado ou uma pneumonia. Assim, os sintomas mais comuns são dor de garganta, coriza(nariz escorrendo), obstrução nasal, tosse, febre, calafrios, falta de ar, dor de cabeça e dor no corpo. A perda do olfato tem se mostrado um sintoma muito comum nos pacientes com COVID-19 e tende a ocorrer no início da doença. Já a falta de ar é mais observada 4 a 8 dias após o início dos sintomas. Diarreia, náuseas e vômitos podem ocorrer, mas não são os sintomas mais comuns.

5. Tive contato com alguém que testou positivo para COVID 19, o que devo fazer?

Recomenda-se o isolamento por 14 dias a partir da data do último contato com o paciente com COVID 19. Durante este período o paciente deve observar o surgimento de sintomas sugestivos de infecção pelo coronavírus.

6. Como comprovar se tenho COVID-19?

A comprovação da infecção pelo coronavírus é feita através do exame RT-PCR para COVID 19, que é realizada introduzindo-se um swab(“cotonete”) para coleta de secreção na mucosa nasal e/ou de orofaringe.

7. Quando fazer o teste do swab(cotonete)? E o teste sorológico(exame de sangue)?

O swab nasal e/ou de orofaringe é recomendado naqueles pacientes que apresentam sintomas sugestivos de coronavírus e também naqueles que se tornaram sintomáticos após contato com um paciente infectado com coronavírus. Idealmente o teste deve ser realizado do 4º ao 7º dia de sintomas.

Já o teste sorológico tem pouca importância prática, uma vez que não são capazes de detectar infecção aguda. A sorologia tem sua utilidade para evidenciar infecção prévia, mas a sensibilidade do teste(capacidade de ele testar positivo) é muito variável conforme o kit usado.

8. Estou com coronavírus e agora?

Você deve permanecer em isolamento por no mínimo 10 dias a partir da data do início dos sintomas, observando atentamente o surgimento de sinais de piora clínica. Somente após este período você está autorizado a sair do isolamento, desde que esteja sem sintomas e sem febre há pelo menos 24 horas.

9. Quando devo procurar atendimento hospitalar?

Devem procurar atendimento hospitalar os pacientes que apresentem piora da falta de ar e redução saturação de oxigênio no sangue para valores abaixo de 90%, observado através de um oxímetro de pulso. Já a piora da falta de ar pode ser percebida como a sensação de cansaço em repouso ou ao fazer alguma atividade diária.

10. Existe tratamento precoce para coronavírus?

Definitivamente, NÃO. Os estudos científicos que possuímos até o momento não evidenciou qualquer benefício com o uso de Ivermectina, Hidroxicloroquina, suplementos vitamínicos(como Vitamina C e D), Zinco ou Azitromicina. O tal “kit Covid” não funciona. Mesmo o uso de corticóide(prednisona) é recomendado apenas nos pacientes em internação hospitalar que necessitam de suplementação de oxigênio. Como toda doença viral, o tratamento é apenas suportivo e se resume em: repouso, boa hidratação, boa alimentação, paracetamol ou dipirona para dor ou febre. Acrescente a isso uma dose generosa de paciência para aguardar o seu próprio organismo se livrar do vírus e cumprir o isolamento social; e outra dose de vigilância, para atentar-se aos seus sintomas e procurar atendimento médico se apresentar qualquer sinal de piora clínica ou respiratória.  

Em suma, cuide-se, use máscara, respeite o isolamento social, saia de casa somente se extremamente necessário, lave as mãos, use álcool em gel. Além disso, seja crítico com as notícias e mensagens compartilhadas nas redes sociais e não repasse fake news. Informação correta também salva vidas